Audiência Pública em Santa Isabel
Senhor Presidente, o conceito de democracia, de participação e cidadania vem lentamente, afinal de contas eles são jovens
por Honório Rocha
Audiência Pública realizada no dia 25 de outubro levou grande público ao salão nobre da Câmara Municipal, no dia 25 de outubro de 2011. A finalidade da Audiência, realizada às 10 horas da manhã, era apresentar números do orçamento do município e também debater a questão do transporte fretado utilizado pelos universitários isabelenses. Na verdade universitários e o povo de Santa Isabel ninguém viu na Câmara, pois simplesmente eles não compareceram. O espaço do salão da Câmara recebeu praticamente só estudante das escolas públicas de Santa Isabel. O número de estudantes foi tão grande que boa parte deles teve que ficar em pé na entrada do recinto.
Uma dos temas da Audiência Pública seria discutir os problemas relacionados ao subsídio municipal do transporte dos estudantes universitários, através dos ônibus fretados. Interessante que a maioria dos jovens que lotaram o salão da Câmara Municipal também chegou de ônibus fretado, pagos não sabemos por quem. Os alunos que mataram as aulas oficialmente, supostamente só comparecem à Câmara porque foram obrigados.
A explicação da peça orçamentária excessivamente técnica, longa e maçante causou tédio e fastio aos alunos que aparentemente não viam à hora daquele blá-blá sem fim terminar e eles poderem ir embora. Depois que um cidadão isabelense, de forma abrupta, cortou a Audiência Pública e desferiu uma saraivada de críticas aos vereadores e à prefeitura, os ânimos se descontraíram um pouco e os jovens passaram a questionar aquele falatório todo, afinal, na qualidade de futuros universitários, eles estavam ali para discutir os problemas relacionados ao transporte dos universitários através dos ônibus fretados.
Os jovens pediram a palavra e passaram a criticar. As críticas dos jovens se estenderam desde o corte das árvores das praças de Santa Isabel até da falta de estrutura para se praticar esportes e poder representar o município fora da cidade. Um aluno disse que se o orçamento destinado às secretárias, diretorias e afins municipais, já estavam decididos e sacramentados, ou seja, se não haveria a possibilidade de mexer no orçamento, qual o motivo de eles estarem ali? Se as coisas já estavam decididas chamaram os estudantes pra quê?
O presidente do Legislativo pegou o microfone e disse que os alunos não tinham paciência para aguardar 10 minutinhos, tempo suficiente para que fossem apresentados os últimos números do orçamento municipal, para enfim, entrar na discussão do subsidio municipal ao transportes dos universitários isabelenses. Antes o presidente do Legislativo também foi deselegante com o Valmir, morador do bairro Cachoeira que cortou a fala do orador e criticou o andamento da audiência e disparou críticas ao Legislativo e Executivo. Depois, já no fim da audiência, o presidente da Câmara voltaria a criticar os alunos por eles não estarem (aparentemente) interessados em ouvir explicações do orçamento municipal.
Senhor Silvio Adriano, aparentemente os jovens foram obrigados a comparecer na audiência pública. Se isso for verdade, o erro já começou por aí. Tudo que é imposição, determinação gera descontentamento, má vontade e no caso dos jovens gera rebeldia. Democracia não se faz por imposição. Com relação aos jovens, claro que é importante a participação deles na Audiência Pública, pois a partir daí pode acender uma luz no cérebro do jovem e quem sabe ele passe se interessar pela confecção do orçamento municipal e pelos problemas da cidade, pode ser que a partir desse momento os estudantes passem a se interessar pelas questões sociais, e futuramente se tornem um cidadão politizado.
Se para os adultos já é difícil compreender a peça do orçamento do município, se pessoas que tem a obrigação de saber de cor e salteado todos os labirintos e cipoais que cercam o orçamento municipal (por exemplo, alguns vereadores) não sabem, como exigir muito dos estudantes que nunca ouviram falar no tal do orçamento. Na verdade os alunos saíram de lá sem entender nada, pois a mensagem técnica e rebuscada estava além da compreensão deles.
Senhor Presidente, o Senhor já foi jovem (creio que jovem não alienado), mas o aprendizado e amadurecimento vêm devagar, tendo em vista que jovens dos 13 aos 18 anos têm outros valores, outra visão de vida. Senhor presidente, não critique os jovens, dê aulas de democracia, de paciência, de altruísmo. O palestrante nunca pode discordar do público, ele tem que explicar e ser ponderado. O conceito de democracia, de participação e cidadania vem lentamente, não queira que os estudantes queimem etapas, afinal de contas eles são jovens, e isso explica tudo.