Garoto de sete anos é atropelado e morto por ônibus da Transcooper na Estrada de Igaratá quando retornava da escola

Aglomeração em volta do caixão do pequeno Ryan, no velório municipal do Brotas

Foi instaurado na delegacia de Santa Isabel inquérito policial para apurar a morte de uma criança de sete anos, vítima de atropelamento na Estrada SP 56, também conhecida como Rodovia Prefeito Joaquim Simão que liga os municípios de Santa Isabel e Igaratá. A tragédia aconteceu no dia 21 de novembro de 2011 quando o garoto Ryan Richard Inácio voltava da Escola Teiji Kita no ônibus municipal da Transcooper. Os familiares e parentes que se encontravam no Velório Municipal do Bairro do Brotas no dia 22 de novembro, disseram à reportagem da Rádio Singão que o motorista que fazia a linha Teiji Kita-Chácara das Verduras parou o ônibus no acostamento da rodovia e pediu que as crianças descessem. Algumas crianças teriam então passado na frente do ônibus em que viajavam e, ao atravessar a estrada, Ryan foi colhido de formal fatal por outro ônibus da mesma empresa, conduzido pelo motorista José Ferreira Massena, 63 anos. O garoto teria sido arremessado por mais de 20 metros e o corpo ficou estendido na faixa central da Estrada por cerca de quatro horas até que a perícia chegasse ao local e concluísse o trabalho. Foi apreendido o tacógrafo do ônibus para saber a velocidade do veículo na hora do acidente. Segundo o delegado titular de Santa Isabel Carlos Alberto de Oliveira, o motorista responderá em liberdade por homicídio culposo, sem intenção de matar. Informações preliminares dão conta que o motorista José Ferreira dirigia o ônibus numa velocidade compatível e não tinha ingerido bebida alcoólica.    

Ônibus não tinha monitor e criança teria atravessado estrada sem acompanhamento de adulto

Local onde garoto foi atropelado, bem na curva da estrada na entrada do bairro Pouso Alegre

Os parentes do menino morto, em depoimento à reportagem da Rádio Singão informaram que o motorista que transportava a vítima não parou o veículo no local certo para desembarque de passageiros, ou seja, no ponto. Uma tia do menino Ryan, informou que funcionários da Transcooper que estiveram no local, teriam informado que o motorista teria parado fora do ponto devido a um problema mecânico no ônibus, o problema seria no acelerador. O veículo, entretanto, teria sido recolhido do local antes de a polícia chegar, permanecendo no lugar apenas o ônibus que atropelou a criança. Os parentes também relataram que o ônibus não tinha monitor, a monitora teria faltado no serviço. “Eu acho que já que não tinha monitor naquele dia, apesar de não ser obrigação do motorista, ele devia ter atravessado as crianças na estrada”, disse uma mulher que não quis se identificar.  

Transporte escolar em Santa Isabel: desconforto, briga, superlotação e crianças presas nas portas do ônibus

Moradora do Pouso Alegre, Neide da Silva, disse que a Transcooper presta serviço de má qualidade

Os moradores não agüentam mais tanto descaso da prefeitura no que diz respeito ao transporte escolar das crianças que moram na zona rural de Santa Isabel. A prefeitura não dispõe de um serviço de transporte escolar, ou seja, não existe o chamado ônibus escolar específico para o transporte de alunos. As crianças vão para a escola nos ônibus que fazem as linhas municipais que servem os bairros e as localidades rurais. Segundo o relato da doméstica Neide da Silva, 35 anos, nascida e criada na zona rural de Santa Isabel no bairro Pouso Alegre, o serviço municipal de transporte oferecido pela prefeitura através da empresa de ônibus Transcooper deixa muito a desejar. Ela disse que os horários são poucos e que no horário escolar os ônibus circulam superlotadas a maioria dos passageiros compostos de crianças e pré-adolescentes. “As crianças vão misturados com os passageiros, inclusive com pessoas idosas. Nem sempre tem monitores, a algazarra e o barulho são muito grande, crianças e idosos viajam em pé, quando não tem monitor às vezes sai briga dentro do ônibus”, disse a doméstica.  Neide relatou que sua filha estuda na mesma escola do menino que morreu (Escola Teiji Kita). Ela falou ainda que a esculhambação está tão grande que os passageiros transportam até cachorro dentro do ônibus. Ela critica também a condição das estradas, cheias de buracos. “Quando chove, os ônibus não circulam, os adultos andam a pé e as crianças não vão para a escola devido à lama que se forma nas estradas”. Uma dona de casa que reside no Pouso Alegre e que não quis revelar seu nome, disse que os motoristas da Transcooper correm muito e que eles não tem paciência com as crianças. “Eles não deixam a criança descer direito do ônibus e já arrancam com o veículo”. A dona de casa disse ainda que é comum motoristas prenderem as crianças na porta do ônibus, inclusive já teve criança que caiu do ônibus devido o motorista não esperar o estudante descer do ônibus. “Será que vai precisar uma criança cair do ônibus e morrer para a prefeitura tomara providência”, indagou a dona de casa.